Comandante da PM não prevê ocupação do Complexo do Alemão

A ocupação do conjunto de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) não é impossível, mas exigirá um trabalho longo e complexo da Polícia Militar (PM). A afirmação foi feita pelo comandante-geral da PM fluminense, coronel Mário Sérgio Duarte. Segundo Duarte, a UPP chegará ao Alemão, assim como ao Complexo da Maré e a outras grandes favelas do Rio até 2016.
Desde a implantação do projeto de policiamento comunitário conhecido como UPP, que prevê a aproximação da polícia com a comunidade e o fim do controle de quadrilhas armadas sobre favelas, existem dúvidas sobre quando ou mesmo se haverá a ocupação do Alemão.
O Complexo é uma das regiões de favelas mais problemáticas para a polícia fluminense pelo grande território, milhares de habitantes e servir como quartel-general para uma das maiores facções criminosas do Rio. Desde 2007 operações policiais no conjunto de favelas resultaram em dezenas de mortes, tanto de suspeitos quanto de policiais e inocentes, vítimas de balas perdidas.
Além disso, o complexo é cercado por favelas controladas por quadrilhas de traficantes, como os Morros do Adeus, Juramento e Engenho da Rainha, o que poderia causar problemas para a polícia pacificadora.
"É possível pacificar qualquer lugar, mas sabemos que a complexidade no Alemão é muito maior. Vai requerer recursos humanos maiores, um grande número de policiais. A extensão de tempo da primeira fase - entrada da polícia na favela - muito provavelmente vai ser maior. A segunda fase, que é a ocupação temporária, também vai ser muito maior, até que nós possamos consolidar no modelo final com a Unidade de Polícia Pacificadora", disse o comandante da PM.
Até agora, o governo do estado já implantou seis unidades de polícia pacificadora, que atendem a nove favelas da capital. Mas a maioria das favelas escolhidas para a implantação da UPP é de pequeno ou médio porte comunidades e localizada na zona sul da cidade.
A única comunidade de grande porte já ocupada pela UPP foi a Cidade de Deus, onde até hoje a polícia não conseguiu acabar com a venda organizada de drogas. Apreensões de armas e drogas e prisões são rotineiras na comunidade. No fim do ano passado, uma grande operação tentou cumprir mandado de prisão para cerca de 20 pessoas que atuavam na Cidade de Deus, mesmo com a UPP.
Por enquanto, a Secretaria de Segurança mantém segredo sobre a ocupação, neste ano, de outras grandes favelas. Recentemente, o secretário José Mariano Beltrame afirmou que, em 2010, a Polícia Militar formaria mais de 3 mil novos soldados. Todos eles serão empregados na UPP. Segundo Beltrame, com o efetivo seria possível ocupar até 40 comunidades pequenas, ou então um ou dois complexos de favelas grandes como o Alemão e a Maré.
Sobre o efetivo necessário para ocupar o Complexo do Alemão, o coronel Mário Sérgio Duarte disse que não sabe precisar. "Se forem mil, colocaremos mil. Se forem 2 mil ou 3 mil, colocaremos esses homens no Complexo do Alemão", afirmou.
Mesmo mantendo segredo sobre as próximas comunidades a serem ocupadas pela UPP, a Secretaria de Segurança já deixou claro que o projeto não prevê a ocupação de todas as favelas do estado com a nova modalidade policial. O planejamento estratégico prevê um máximo de 100 comunidades, ou seja, apenas uma parte das mais de 900 favelas da capital e de outras centenas na região metropolitana e interior do estado que são controladas por grupos armados. 

O comandante da PM do Rio não esclareceu qual a estratégia da polícia para evitar que os traficantes expulsos das favelas com UPP passem a controlar novos territórios ou pratiquem crimes em outras regiões da cidade.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4223746-EI5030,00-Comandante+da+PM+nao+preve+ocupacao+do+Complexo+do+Alemao.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente