Intervenção Urbana reflete a ditadura militar em Belém


Intervenção urbana reflete a ditadura militar em Belém

Por Deborah Cabral
   Há quarenta e oito anos a cidade Belém também sofria as consequências do golpe militar iniciado em Minas Gerais. O General Ramagem, Chefe do Comando Militar da Amazônia na época, ordenou a prisão de centenas de políticos, estudantes e trabalhadores a partir do dia primeiro de abril de 1964. Os presos foram levados para diversos pontos de Belém que hoje estão desativados ou tem finalidade completamente diferente, como é o exemplo da Casa das Onze Janelas, que atualmente é ponto turístico da capital.
   Esse quadro de violência e censura caiu no esquecimento. Para alertar sobre o grave processo político estabelecido pós-64, o historiador e fotógrafo Michel Pinho interviu no espaço urbano, identificando com placas que imitam sinalização de trânsito os locais onde as prisões e torturas eram executadas. A escolha do 1º de abril, Dia da Mentira, não foi por brincadeira, ela é a data verdadeira do aniversário de 48 anos do golpe.
   Sua intervenção foi um grito em protesto contra o terror dos assassinos e torturadores da ditadura em Belém, e buscou alertar para o caráter ditatorial e ilegal do regime implantado no país inteiro. “Não podemos e nem devemos esquecer, a democracia brasileira é uma conquista recente. Os crimes que os agentes do Estado cometeram como estupro, sequestros seguidos de morte e ocultação de cadáveres são hediondos. A anistia foi promulgada em 1979 pelo general Figueiredo e impede a prisão desses homens. Temos que rever essa decisão”, sentencia Michel.
   Embora o registro fotográfico tenha se limitado apenas a lugares mais conhecidos como a Casa das Onze Janelas, Largo da Trindade, Casa do Estudante Universitário do Pará, além das avenidas Nazaré e José Malcher, os centros de tortura e prisão na capital paraense foram mais numerosos.
   Até hoje não há a versão correta da história e da natureza ditatorial do regime de 1964, seu caráter ilegal e inconstitucional pouco são mencionados, e sua atuação em Belém pouco foi refletida ou questionada nesses 48 anos completados. “A intenção é motivar que os leitores da ação busquem informações, perguntem sobre o silêncio ensurdecedor sobre a ditadura em Belém do Pará.” finaliza o historiador.
   A intervenção foi registrada e parte das fotografias pode ser vistas no endereço: http://www.michelpinho.com.br/territorio-do-medo-a-ditadura-militar-em-belem/


Fonte: http://www.guiart.com.br/noticias_interna.php?id=1711&cat=AV


Um comentário:

  1. Lamentavelmente temos um quartel da nossa corporação envolvido nesse debate (2° BPM, então Btl Cérbero), o que não dá pra voltar atrás e mudar.
    Todavia, dá pra mudar a história dos nossos quartéis daqui pra diante, seja pela implantação "de fato" e "de direito" da filosofia de polícia comunitária, qualidade na gestão, promoções meritocráticas e valorização ao estudo.
    Embora ainda não seja a realidade da corporação, ninguém pode nos impedir que sonhemos e lutemos por isso.
    Parabéns ao fotógrafo e historiador Michel Pinho pela coragem e para o Cel Costa Júnior por não se intimidar e repercutir a matéria.

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