*JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO
A necessidade do policial nas ruas é uma evidência que dispensa discussões. A questão começa quando entramos na discussão sobre as formas como isso deve ocorrer.
Duas evidências pautadas pelas experiências recentes. Na primeira, a existência de "soldados temporários" mostra, por um lado, que há efetivos fora de função. Por outro, uma lacuna na ordem de alguns milhares de praças no policiamento das ruas.
Na segunda, a comprovação de que um dos problemas fundamentais do policiamento reside na escassez de recursos. Salários pela metade para temporários e tempo empregado em bicos pelos quadros efetivos não sinalizam senão penúria no setor.
Comprovada a escassez de quadros e de recursos, há, no entanto, uma
pergunta a responder. A locação de pessoal no asfalto é a única
alternativa possível para o policiamento nos dias de hoje?
O emprego de tecnologias como câmeras, comunicação digital, georreferenciamento e comunicação em tempo real com a população não introduzem novas variáveis?
Em outras palavras: a questão do tamanho do efetivo não deveria ser pensada, hoje, com elementos que introduziriam nova equação?
E se isso fizer sentido, não estaríamos falando de um novo tipo de policiamento, de um novo conceito de policial?
Provavelmente, sim. Mas há outro fator sempre esquecido: o distanciamento enorme entre população e polícia. De fato, tornou-se bagatela falar em participação popular. E isso poderia fazer toda diferença.
*JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO é sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e Políticas Alternativas da Unesp
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