A
partir da juventude aparece o problema do trabalho. Que profissão
escolher? Muitas vezes as pessoas nem podem escolher, devem aceitar o
que o mercado do trabalho
oferece. Surge aqui
uma pergunta: há alguma relação entre a profissão que exercemos e a
vida como missão? Costuma-se separar as duas opções: profissão é uma
coisa,
missão é outra. Será que é assim mesmo? Não se trata de separá-las, mas
de integrá-las.
Neste
caso, a prioridade deve ser pela missão. É mais importante. A vida é
missão sempre, em todo momento, também no trabalho. Trata-se de integrar
o trabalho no projeto mais amplo da vida como missão. Se, por exemplo, a
missão que damos à vida é trabalhar por uma sociedade justa, solidária,
honesta; se nós queremos viver um estilo de vida sóbrio, ecológico,
claro que isso vai repercutir na profissão que exercemos. A missão dá
sentido e sabor à profissão. Às vezes, questiona, interpela, provoca,
denuncia maneiras erradas de exercê-la.
Há
o perigo de exercer a profissão de maneira mecânica, repetida,
rotineira, sem novidade. Isso acontece bastante nas profissões
dependentes. Há também o perigo de reduzir a profissão a interesses
mesquinho, egoístas, visando unicamente o lucro. Muitos fazem da
profissão um meio para explorar, dominar, humilhar, corromper, exercem a
profissão sem ética, sem valores, sem dignidade, movidos por uma
concorrência cruel e destruidora. Onde está a missão na profissão?
A
missão, aquela verdadeira, dá sentido à profissão, dá-lhe vida, mais
criatividade, mais autenticidade, mais gosto. A missão questiona,
ilumina, orienta a profissão; anima e denuncia, quando for preciso. A
missão situa a
profissão num projeto de vida maior; a missão é mais abrangente, mais
dinâmica, vai sempre além da profissão.
A
relação entre missão e profissão se nota melhor depois que as pessoas
se aposentam do trabalho. O que pode acontecer? Uma pessoa de uma
comunidade contou cera vez que tinha ido visitar um casal amigo. O
marido havia se aposentado fazia poucos meses. Viu que ele estava
agitado, queixava-se, reclamava um pouco de tudo; chato mesmo. A esposa a
certo momento não aguentou mais e falou alto ao marido: “Ó marido,
depois que você se aposentou, se tornou insuportável nesta casa. Por
favor, vai fazer qualquer coisa por aí afora, só velha em casa para
comer e dormir, como antes”. Que foi que aconteceu na vida daquele
marido? Ele exerceu sua
profissão honestamente, mas de maneira mecânica, batendo o ponto,
sempre a mesma coisa. Nada de encarar a vida como missão. Ao
aposentar-se ficou meio perdido, sem saber como utilizar o tempo. E deu
nisso.
Há
um grande desperdício de energias preciosas nas pessoas aposentadas. É
sinal evidente de que a vida não foi, nem é vivida como uma missão. Se a
missão tivesse sempre orientado sua vida, ao aposentar-se teria se
perguntado: e agora, com tanto tempo disponível, que vou fazer? Como
fazer da vida uma missão m tempo de aposentadoria? Que projeto vou
assumir? Que tipo de serviço eu posso fazer em família, na comunidade,
na sociedade? Será que todos os aposentados levantam estes
questionamentos? E o número de aposentados está aumentando cada vez
mais.
A
vida como missão é linda! A missão nunca aposenta, tira sempre a vida
do estacionamento. A missão recria, valoriza as imensas energias da vida
das pessoas, escolhe serviços, de acordo com as situações. A missão
ajuda a viver, empolga, enche de dinamismo e de esperança, sabe combinar
paciência impaciente e impaciência paciente. Que bom fazer da vida uma
missão! Portanto, o desafio é fazer da profissão uma missão. A tragédia
seria reduzir a missão a uma profissão, um prejuízo enorme.
(Extraído da obra do Padre Luís Mosconi – A Vida É
Missão)
Colaboração: Ten Cel PM MAURO PINHEIRO/PMPA
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