Seis horas de caminhada por Maria


Os devotos mais uma vez fizerão uma procissão tranquila e
emocionante (Foto  Daniel Pinto)
Passavam apenas dez minutos do chamado meio-dia quando finalmente se conseguiu abrir a portinha da berlinda e retirar dela a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Tenso por não conseguir abrir a porta, o coordenador da procissão Cesar Neves sorria pela dificuldade inesperada. Era o momento final da procissão. Mais uma vez o Círio de Nazaré conseguiu encerrar-se num horário adequado. Com isso, já faz parte de uma lembrança remota os anos em que a procissão arrastava-se tarde adentro nos quase quatro quilômetros de percurso.

“É a emoção. Faz parte”, disse Neves a respeito da dificuldade encontrada para abrir a berlinda. Neves tinha duas chaves. Nenhuma funcionou. Mas depois de aberta, com a imagem nas mãos, sentiu que vivia um momento especial. Foi a última participação como coordenador.

EMOÇÃO

O bispo auxiliar de Belém Dom Teodoro Mendes Tavares encaminhou a imagem de Nossa Senhora ao altar. Fogos e palmas, orações e lágrimas viam-se e ouviam-se ao redor. E em todos, uma sensação de ‘missão cumprida’. O “rio” de gente que se espremia desde as primeiras horas da manhã nas principais avenidas da cidade, como a Boulevard Castilho França, a Presidente Vargas e a Nazaré, diluía-se como braços desse mesmo rio, pelas ruas transversais. A procissão era encerrada.

Uma procissão tranquila. O médico Guataçara Gabriel disse que foi um Círio com menos atendimentos do que no passado. Mas alertou que aumentou na Trasladação. Aos poucos começa a ocorrer uma inversão de valores, com a procissão noturna ganhando mais adeptos.

Um dos principais motivos para que a procissão se arrastasse por um tempo maior do que o devido era a corda. Pois esse ano, a ideia do arcebispo Dom Alberto Taveira de conclamar para que a berlinda realmente só fosse desatrelada da corda próxima do Colégio Santa Catarina foi levada a contento.

A rapidez do Círio já foi sentida quando a procissão alcançou um dos trechos que costumam ser mais complicados. A curva da avenida Presidente Vargas com a Nazaré. Às 10h, a berlinda adentrava a avenida Nazaré. Foi quando ficou perceptível que a procissão não atrasaria.

Meia hora depois da retirada da imagem da berlinda, a multidão ainda tomava conta da rua. Quantificar é tarefa que também começa a entrar para os números quase míticos da festividade. 500 mil, 1 milhão, 1.5 milhão, dois milhões de fiéis. O número vai sendo ampliado a cada ano. Estacionou num consenso de 2 milhões de pessoas.

http://blogbelem.blogspot.com/2011/10/seis-horas-de-caminhada-por-maria.html

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