Conheci o Mário em 1992.
Em conversa acerca da situação dos encarcerados na Delegacia de Castanhal, sensibilizado com o meu relato das reclamações dos presos de dores de dentes, ele colocou à disposição seus serviços e o seu ODONTOMÓVEL. Contatamos o médico do posto de saúde (hoje esse profissional tem seu nome em um hospital local) que gentilmente providenciou as anestesias.
No dia marcado, lá estava o Mário com o seu veículo equipado para o trabalho odontológico, estacionado no pátio da Delegacia e os, presos, enfileirados.
Ficou acertado que poderiam ter extraídos até 2 dentes de cada boca.
Foi um sucesso a nossa empreitada!
Acredito que, naquele dia, aqueles homens (em torno de 50), além do alívio pela extração de dentes podres, sentiram-se “seres humanos”, pois haviam notado suas presenças na masmorra. Depois da minha transferência de Castanhal para Belém, nunca mais vi esse humano generoso, mas, a voz rouca, o jeito inquieto de ser e o gesto solidário, ficaram guardados no meu coração. Durma em paz, Mário!
Rubenita Pimentel
Delegada de Polícia Civil
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