Coronel Robson Rodrigues - Polícia Militar/RJ
Durante muito tempo, nossas práticas policiais nessas comunidades
foram orientadas pela lógica prático-discursiva da guerra às drogas. Nós
tínhamos ações muito repressivas e isso não levou a resultados muito
interessantes. Pelo contrário: aumentou a violência, aumentou o número
de mortes, inclusive mortes de policiais nessas operações bélicas.Isso tudo acompanhado das transformações que ocorreram nas últimas décadas nas estruturas dessa criminalidade transnacional que tiveram um impacto muito profundo na nossa cidade, fazendo com que as favelas – pela característica da informalidade – se transformassem em redutos fortificados onde criminosos podiam, com alguma tranquilidade, se homiziar [esconder] e exercer suas atividades criminosas em escalas cada vez maiores.
É assim que surgem representações da favela que são produzidas na sociedade. É uma sociedade com uma matriz hierarquizada muito forte, onde essas pessoas que moram nas favelas são classificadas como cidadãos de segunda, terceira, quarta, quinta categorias. Mas são representações produzidas pela sociedade e a polícia não fica imune a isso, também reforça essas representações.
Temos que desconstruir isso e a UPP faz parte de esse trabalho. Não vai ser com um currículo, não vai ser com uma ordem que a gente vai conseguir modificar os valores, esse sistema de valores que representa a cultura policial militar e que está inserido numa cultura carioca, brasileira. A UPP, apesar de ser muito nova, está causando impacto no lado social, no lado dessas representações e também no lado econômico.
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