Depois
do furor inicial gerado pela implantação das Unidades de Policia
Pacificadora (UPP) em algumas favelas do Rio de Janeiro anteriormente
dominadas por grupos de traficantes, começam a se consolidar as
primeiras lições de um processo que continua aberto a ajustes e
melhorias. Quem afirma é o coronel Robson Rodrigues, em entrevista antes
de deixar o comando das UPPs.
ENTREVISTA / Cel Robson Rodrigues
Já são 17 as Unidades de Polícia Pacificadora. Junto com a sensação de paz que veio com elas, se descortinam novas realidades e desafios.
Um deles é que, apesar do controle do território e da expulsão de traficantes armados, as drogas continuam a circular nesses espaços. Como o policial da UPP deve lidar com os usuários de drogas e o que fazer para que os esforços desses policiais não sejam consumidos no encaminhamento constante de usuários e vendedores às delegacias são questões que inquietam o coronel Robson.
“Durante uma visita de observação na Cidade de Deus, no inicio da implantação do programa das UPPs, uma senhora precisava de ajuda para a filha que era dependente de crack e estava tendo uma crise de abstinência. No modelo anterior, se fosse um flagrante, eu teria que levá-la para a delegacia; mas estando sob o novo modelo eu emprestei o meu carro para que a levassem a algum lugar. Mas ela não tinha para onde ir. Foi aí que eu percebi que ainda não existe uma solução para isso. É um tema que precisa ser discutido”, explica o coronel.
O oficial afirma que muitos policiais ainda operam sob o paradigma anterior e acabam encaminhando usuários e traficantes para a delegacia, num constante “enxugar gelo”.
Questões como essas serão tratadas durante o Encontro Estratégico de Segurança Pública e Políticas de Drogas, uma iniciativa do Comando de Polícia Pacificadora, e que terá a participação de 30 policias de 17 países. Policiais especializados em policiamento de proximidade e em temas relacionados às se reunirão para discutir alternativas ao atual modelo de segurança pública frente à questão das drogas e ideias a serem aplicadas em modelos de policiamento comunitário com foco na prevenção.
O coronel Robson Rodrigues explica que a maior parte do trabalho dos policiais das UPPs hoje consiste no encaminhamento de usuários de drogas, apreensões de pequenas quantidades de entorpecentes e prisões de vendedores varejistas. Nesta entrevista, ele abre uma discussão para encontrar respostas a essas e outras questões sobre um modelo de policiamento reconhecido internacionalmente.
http://www.comunidadesegura.org.br/pt-br/MATERIA-a-policia-hoje-e-um-fator-de-mobilizacao-da-sociedade
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