Proerd: é paidégua dizer não às drogas


Programa de Resistência às Drogas livra cidadãos do crime e fortalece atuação da PM

DILSON PIMENTEL
Da Redação

No ano passado, não houve registro do envolvimento de crianças e adolescentes com drogas em Cametá, no nordeste do Estado. As autoridades locais atribuem este resultado ao Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), da Polícia Militar. Desde 2003, quando começou, o Proerd já formou mais de 60 mil crianças, jovens e adultos no Pará. E 2011 foi o ano em que a corporação mais formou alunos nas escolas: quase 20 mil cidadãos, a maioria crianças e adolescentes de instituições públicas e particulares.

O programa já atuou em 650 escolas e, hoje, está presente em 29 municípios. "O Proerd foi considerado, em recente estudo da Universidade de Brasília, como o mais efetivo programa de prevenção às drogas de todo o País", diz o coronel Osmar Costa Jr., chefe do Estado-Maior Estratégico da PM e coordenador estadual do Proerd. O Programa Educacional de Resistência às Drogas é a adaptação nacional do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education (D.A.R.E.), surgido em 1983. No Brasil, foi implantado, em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e hoje é adotado em todo o País. O programa é de caráter social e preventivo, posto em prática por PMs devidamente selecionados e qualificados.

O coronel Costa Jr. explica que o Proerd é desenvolvido uma vez por semana em sala de aula, durante dez lições, nas escolas de ensino público e privado para os alunos que estejam cursando o quinto ou sétimo anos do ensino fundamental. Depois, é realizada a formatura dos alunos, quando eles, uniformizados com a camiseta e o boné do Proerd, fazem um juramento no qual assumem o compromisso de dizer não às drogas e à violência e de multiplicar as informações recebidas.

Por meio do livro do estudante Proerd, os conteúdos são desenvolvidos de forma dinâmica em grupos cooperativos. Nas aulas, são realizadas atividades voltadas ao desenvolvimento das habilidades individuais para que as crianças e os jovens tomem suas decisões de forma consciente, segura e responsável, explica o coronel. O programa também é desenvolvido junto à família, em um curso específico para pais ou responsáveis, durante um mês, uma vez por semana, com duração de duas horas cada encontro. Costa Jr. informa que o Proerd iniciou, também, o programa para educação infantil.

"O objetivo é possibilitar o reconhecimento de situações que possam comprometer sua segurança e saúde. É composto por lições com atividades orientadas para a pré-escola e anos iniciais do ensino fundamental, visando levar o aluno à participação e interatividade nas discussões e no desenvolvimento de habilidades de como dizer não e pedir ajuda", afirma.
O Proerd é um programa voltado para a prevenção primária, portanto, não trabalha com adultos que cometeram crimes ou adolescentes que cometeram atos infracionais. O coronel Costa Jr. também afirma que, desde o início de 2011, o Proerd foi institucionalizado na Polícia Militar do Pará. Com isso, passou a ser atividade-fim da corporação como uma ação de policiamento comunitário. E os instrutores proerdianos - um total de 150, dos quais 65 estão atuando - não fazem apenas palestras para estudantes.

"Nós entramos na sala de aula e nos encontramos com os alunos durante dez lições. Mas, da mesma forma, os alunos dão muita informação para os policiais sobre o consumo e tráfico de drogas no entorno escolar e na comunidade. As crianças são orientadas a não fazerem denúncias em voz alta na sala de aula. E devem dar suas informações a pessoas em quem confiam, como o pai, a mãe, o policial ou o professor. São também orientados a denunciar pelo Disque Denúncia (181)", explica o coronel.
Segundo ele, essas informações chegam aos policiais com qualidade. "Por isso, a polícia pode agora desenvolver um trabalho de inteligência para confirmar as denúncias e desenvolver as ações repressivas dentro da legalidade. Aliás, graças ao que tem sido denunciado pelo 181, a comunidade tem ajudado a Polícia Civil a efetuar grande número de prisões de traficantes e a apreensão de volumosa quantidade de drogas. Isso é repressão qualificada, baseada na informação do cidadão", completa.

Governo divide enfrentamento do problema em três focos
O governo do Pará incluiu o Proerd nas ações do Programa Pro Paz. "Assim, fazemos parte do Pro Paz Escola, juntamente com o Corpo de Bombeiros Militar e a Secretaria de Estado de Educação", diz o coronel Costa Jr. Com isso, explica, o governo enfrenta o problema em três focos. O primeiro deles deve se dar na prevenção primária, evitando que o tráfico faça novos clientes e alertando as crianças e adolescentes sobre os riscos e consequências do caminho das drogas lícitas e ilícitas.

"Falamos sobre os malefícios que o consumo de drogas produz no corpo e na mente das pessoas. E levamos informações que nos ajudam a construir uma cultura de paz através da escola, espaço mais legítimo em que a polícia deve atuar para mudar comportamentos. Precisamos conscientizar nossos gestores de segurança pública de que o caminho da prevenção é mais efetivo e custa menos. Por isso, insisto em dizer que, se não conversarmos com a criança aos 10 ou 12 anos, na sala de aula, vamos ter que negociar com o adolescente portando uma arma, drogado, nos constantes assaltos com reféns, na sua maioria praticados por cidadãos infratores nessa faixa etária, na Grande Belém", destaca o coronel.

O segundo foco deve ser a redução da oferta da droga. Aqui, cabe a ação ostensiva do aparelho policial do Estado, além das ações de repressão e o cumprimento de mandados de busca e apreensão, oriundos do Poder Judiciário. O terceiro foco é o do tratamento, da recuperação do cidadão que se deixou levar pelo consumo e está com o organismo dependente das drogas ou que se envolveu com o tráfico e foi parar no sistema penitenciário.
"Quando chegamos a esse estágio, há um dispêndio maior para o Estado e um esforço que envolve profissionais de várias áreas, além da desestruturação familiar e outros prejuízos sociais", observa o coronal. Costa Jr. explica que, baseada nos índices de ocorrências registrados no Sistema Integrado de Segurança Pública, a Polícia Militar do Pará define as escolas a serem visitadas na capital e na região metropolitana.

No interior do Estado, a Polícia Militar estabelece parcerias com as secretarias municipais de educação. Isso não impede, porém, que as escolas manifestem a vontade de desenvolver o programa - cada solicitação é analisada pela Coordenação Estadual do Proerd. O Proerd está sediado no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, na avenida Doutor Freitas com a avenida Romulo Maiorana.
Proerd no Pará
 Desde 2003, quando começou, o Proerd já formou mais de 60 mil crianças, jovens e adultos no Pará;
 2011 foi o ano em que a corporação mais formou alunos nas escolas: quase 20 mil cidadãos, a maioria crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares em todo o Estado;
 Desde o começo, o programa já atuou em 650 escolas e, atualmente, está presente em 29 municípios;
 As crianças são orientadas a não fazerem denúncias em voz alta na sala de aula. Elas devem dar suas informações a pessoas em quem confiam, como o pai, a mãe, o policial ou o professor. Elas são também orientadas a denunciar pelo Disque Denúncia, cujo número é 181;
 Para obter informações sobre o Proerd: 3277-5471.
Fonte: Polícia Militar do Pará

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