O crime vence o sistema e o cadeião segue lotado

Muito embora seja reconhecido como legítimo o esforço governamental e do Judiciário em realizar ações e adotar medidas para minimizar os efeitos da superlotação carcerária em Ponta Grossa, o crescimento fenomenal da população de presos se perpetua como algo imbatível. O crime está vencendo o sistema prisional e nem mesmo a interdição decretada há um mês, aproximadamente, conseguiu reduzir o número de detentos no Presídio Hildebrando de Souza. São aproximadamente 450 homens e mulheres, infratores da lei, empilhados num espaço para abrigar no máximo 172 pessoas. Quando o juiz Antônio Acir Hrycyna decidiu fechar a unidade para o recebimento de novos delinquentes, o contingente de marginais batia na casa dos 550.
O risco de rebeliões é iminente. A estrutura do cadeião não chega a ser considerada frágil, mas a segurança é pequena se comparada com a quantidade de presos. Menos de 10 funcionários da Polícia Civil arriscam-se a entrar em galerias e celas para proceder as atividades atinentes à função. O efetivo da Polícia Militar, para a execução do trabalho externo, é irrisório, mesmo porque o efetivo da instituição é carente, vindo em prejuízo, inclusive, à realização do policiamento ostensivo/repressivo.
Há muitos anos, a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Comunitário de Segurança, a Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa, entre outras entidades, reforçam o apelo ao governo para a construção de uma Casa de Custódia com capacidade para 900 presos. O assunto não evolui. Só há promessas e enquanto nada de prático acontece, o número de presos, quem está trabalhando no cadeião não sabe se volta com vida para casa, aumentando o sofrimento de seus familiares. Essa é a pura realidade. Qualquer discurso diferente não se sustenta.
A Secretaria de Justiça e Cidadania acena com a possibilidade de assumir a administração do cadeião. A medida liberaria os policiais civis para desempenhar outras funções. Mas, não dá para acreditar muito nessa possibilidade. O negócio é torcer que a paz reine no presídio.


Fonte: Jornal da Manhã

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