Em palestra na Feira do Livro, Ziraldo afirma que não há educação sem leitura

Tamara Saré-Ag. Pará
A importância da leitura, como base de uma educação sólida, foi destacada por Ziraldo em sua participação na Feira Pan-Amazônica do Livro

Da Redação
Agência Pará de Notícias

A palestra “Estudar é importante, mas ler é mais importante”, proferida na tarde deste domingo (28) pelo cartunista Ziraldo Alves Pinto, dentro da programação da XVII Feira Pan-Amazônica do Livro, atraiu pessoas de todas as idades ao auditório Benedito Nunes, no Hangar. Descontraído, Ziraldo chamou a atenção de pais, mães, tios e professores para o cuidado com a educação infanto-juvenil e o incentivo à leitura.
Autor do clássico infantil "O Menino Maluquinho", que saiu das páginas do livro para as telas da TV e do cinema, Ziraldo foi recebido no auditório por dezenas de crianças. Com décadas de atuação como chargista, pintor, dramaturgo, escritor, desenhista e jornalista, ele iniciou a conversa com o público dizendo que queria ver o mundo dominado pelas mulheres. E, com bom humor, contagiou a plateia.
A universitária Natália de Matos, 20 anos, disse ter chorado de emoção ao ouvir Ziraldo incentivar os adultos a ler para as crianças. Segundo ele, talvez as crianças não entendam, na hora, o conteúdo do que está sendo lido, mas certamente guardarão a magia desse momento na memória.
Natália contou ter vivido essa experiência. “Lembro que quando ia dormir na casa da minha avó paterna, isso com uns oito anos, ela lia para mim o ‘Menino Maluquinho’. Imagino que ela não conhecia Ziraldo, nem sabia quem era ou o que fazia, apenas lia o livro pra mim. Fiquei muito emocionada ao ouvir ele dizendo que os adultos devem fazer o que minha avó fazia com tanto carinho, e que hoje me deixa saudade”, ressaltou a estudante do curso de Letras.
Mágica divina - Aos 80 anos (em outubro completará 81), Ziraldo falou da infância, da juventude, do conhecimento proporcionado pela leitura e até sobre morte. “Tem gente que nasce com vocação para a leitura, e isto é uma mágica divina. É o caso de minha filha, o que me deixa muito feliz. Acredito que o livro contém vida e tempo próprios. É impressionante que, ao lermos um livro, descobrimos como uma história é construída na mente. A leitura nos conduz ao conhecimento. Então, vamos botar livro nas mãos do povo”, disse ele.
“Não existe educação sem leitura”, afirmou Ziraldo, ao criticar a educação no Brasil e a falta de incentivo à leitura. Segundo ele, hoje o país tem “uma geração de analfabetos, que estão sendo enviados ao mercado”. “Quem muito me incentivou ao mundo da leitura foi uma professora que tive na alfabetização. Naquela época, nossos trabalhos eram interpretações de textos, apresentados em forma de teatro. E todos nós éramos capazes de contar uma história”, reiterou.
Até a morte, tema árido em qualquer ocasião, Ziraldo define com uma dose de poesia. “Morrer é esquecer-se de si mesmo para sempre”, declarou.
Ziraldo foi o primeiro cartunista brasileiro a ter sua própria revista em quadrinhos, intitulada Turma do Pererê, que foi a primeira publicação do gênero, no Brasil, a ser impressa totalmente em cores. A “Turma” alcançou, na época, uma das maiores tiragens do país. A revista parou de circular nos anos 1960, durante o regime militar. Ziraldo fundou, em seguida, o jornal “O Pasquim”, um dos bastiões da resistência aos governos militares.
Nos anos 1980, lançou o livro "O Menino Maluquinho". O traço de Ziraldo também já ilustrou várias revistas internacionais, como a Private Eye, da Inglaterra, Plexus, da França, e Mad, dos Estados Unidos.

Texto:
Cora Coralina - Secom

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