“A
literatura salva”.
Com esta afirmação contundente e apaixonada, o escritor paulistano Ignácio de Loyola Brandão deu início, no último sábado (28), ao Encontro Literário do II Salão do Livro da Região do Capim, que está sendo promovido no município de Paragominas pelo Governo do Pará e Secretaria Especial de Estado de Promoção Social, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a Prefeitura Municipal de Paragominas, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
Com esta afirmação contundente e apaixonada, o escritor paulistano Ignácio de Loyola Brandão deu início, no último sábado (28), ao Encontro Literário do II Salão do Livro da Região do Capim, que está sendo promovido no município de Paragominas pelo Governo do Pará e Secretaria Especial de Estado de Promoção Social, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a Prefeitura Municipal de Paragominas, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
Nascido
em Araraquara, interior de São Paulo, o contista, romancista e
jornalista se apaixonou muito cedo pelas letras. Filho de um operário, a
família tinha uma vida complicada, mas, como bem disse o escritor, “não
era assim tão difícil”, pois o pai, Antônio Brandão, era um leitor
contumaz e tinha um acervo bibliográfico em casa com mil volumes. Quando
o filho ficava curioso para saber o significado das palavras, seu
Antônio sempre recomendava que consultasse uma enciclopédia, onde
poderia aprender o significado das coisas. “Tive pessoas que me
orientaram e conduziram para as palavras”, relatou o escritor, lembrando
do pai, que foi fundamental para sua formação, assim como duas
professoras de Português que teve no primário (atual ensino
fundamental), chamadas Lourdes e Ruth. “Além dele, foram elas que me
influenciaram a ter gosto pelas letras”.
Falando
para um público diversificado, Ignácio de Loyola Brandão contou como
trilhou seu percurso literário, incentivando o gosto pela leitura às
crianças e jovens presentes. Em um desses momentos, ele lembrou de uma
passagem de sua infância, quando a professora Ruth passou como tema de
redação o conto infantil ‘A Branca de Neve os sete anões’. Literalmente
apaixonado pela personagem, o escritor contou que odiava os sete anões,
porque faziam Branca de Neve de escrava e viu a oportunidade de vingar
seu grande amor.
“Eles
(anões) obrigavam minha “namorada” a passar, lavar, cozinhar. No meu
texto, os anões saíam para trabalhar e diziam para Branca de Neve colher
champignons do bosque e fazer uma sopa para tomarem à noite. Ela fez a
comida e, quando eles comeram, caíram mortos no chão, porque ela só
tinha escolhido cogumelos envenenados”, relatou o escritor, arrancando
risos do público e mostrando que, para escrever uma boa história, esta
pode ser simples e inspirada nas leituras do cotidiano.
Essa
e outras passagens memoráveis da vida de Ignácio de Loyola Brandão
foram divididas com o público do II Salão do Livro da Região do Capim. A
plateia pode conhecer um pouco sobre o processo criativo do escritor e,
especialmente, as histórias vividas por ele. Ao ser questionado por um
professor sobre como poderia enfrentar a concorrência dos aparelhos de
celular e tabletes levados para dentro de sala de aula pelo alunos, o
escritor disse que uma saída seria contar-lhes histórias. Ele lembrou de
uma visita que fez a uma escola na periferia de Teresina, no Piauí, em
que as professoras venceram a resistência dos alunos por meio da
leitura. “Todos os dias, elas lhes contavam histórias. Encantados, uns
foram passando os relatos para os outros, até que um dia todos já
estavam envolvidos”, contou o escritor.
A
relação com as letras iniciou na infância de Ignácio de Loyola Brandão,
mas o escritor somente veio a lançar um livro em 1965, aos 29 anos. Foi
o livro de contos “Depois do Sol”. Em seguida, nessas quase cinco
décadas dedicadas à literatura, ele produziu mais de 40 livros, sendo
dois de viagens – um sobre Cuba e outro sobre a Alemanha, este último,
país em que viveu por dois anos na época em que ainda existia o muro de
Berlim – e o restante de contos, romances e infanto-juvenis, com
destaque para o romance “Zero”, de 1975, e o infanto-juvenil “O menino
que vendia palavras”, com o qual venceu o prêmio Jabuti de melhor livro
de ficção em 2008.
Entre
tantas lições deixadas pelo escritor em sua passagem por Paragominas,
ele sintetizou como vê a relação dos leitores com os livros. “Por que
você gosta de livro? É quando nos transformamos também nos personagens.
Eu vivo seus problemas, preocupações, as alegrias deles são minhas. Por
que as crianças gostam tanto de Harry Potter? Elas se identificam com
ele, com a bruxaria, feitiçaria, com todos os poderes sobrenaturais
dele”, discorreu o escritor que, ao ser questionado pelo escritor
paraense Daniel Leite, mediador dos Encontros Literários, se seus
personagens traziam esta identificação, como no caso de “O menino que
vendia palavras”, Ignácio respondeu: “esse menino sempre sou eu”.
Neste
domingo (29), o Encontro Literário será com o escritor paraense Harley
Dolzane. O evento está sendo realizado no auditório do ginásio municipal
de esportes Samuel Cardoso Câmara, sempre às 19 horas.
Texto: Claudia Águilla
Fotos: Elza Lima
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