Após ocupação no Complexo do Alemão, número de roubos de carros no estado tem queda de 63% em uma semana
RIO - O impacto na segurança pública produzido pela ocupação dos dois maiores bunkers do tráfico no Rio - o complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro - foi tão grande que, em apenas uma semana, os índices de roubos de veículos caíram 63% em todo o estado. Enquanto na quarta-feira dia 24, véspera da ocupação, foram roubados 41 veículos, no dia 30, o número de casos desabou para 17. Na Zona Norte, onde ficam a Vila Cruzeiro e o Alemão, a estimativa é que a queda seja ainda maior, ultrapassando 90%, porque a região responde por cerca de 40% desse tipo de crime no estado.
Outra análise dos dados mostra mais uma vez a redução da violência no estado. Nos últimos dias 29 e 30, que sucederam à retomada do Alemão, ocorreram 81 roubos e furtos de veículos. Nos mesmos dias do ano passado, foram 207 casos - o que representa uma queda de 60%.
A prova da influência dos complexos da Penha (onde fica a Vila Cruzeiro) e do Alemão na incidência de roubos de veículos está no mapeamento feito a partir de 149 carros recuperados, nos últimos dias, naquelas comunidades. Do total apreendido, 46,98% foram roubados na Zona Norte; 24,84%, na Baixada Fluminense; 9,39%, na Zona Oeste; 6,71%, no Centro; 3,36%, na Zona Sul; e 2,01%, em São Gonçalo. Também foi encontrado um veículo de Angra dos Reis.
Para o titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), delegado Márcio Mendonça, a ocupação dos dois principais polos receptores de carros roubados do estado vai provocar queda também de outros índices de crimes.
- O roubo de veículo é também um crime-meio. Os criminosos usam o produto do roubo não apenas para revenda: os veículos são utilizados para outros crimes, como homicídios, roubos de carga e tráfico de drogas. Sabíamos que a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão estavam recebendo grande parte dos veículos roubados em todo o estado. Uma vez que esses bunkers caíram, eles (os bandidos) estão neste momento desarticulados, porque muitas favelas não querem mais receber esse tipo de produto de roubo, para não atrair a polícia - explicou o delegado.
Segundo ele, os veículos roubados e levados para a Vila Cruzeiro e o Alemão eram usados como moedas na compra de armas e drogas:
- Eles adulteravam os veículos e seguiam para Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, de onde atravessavam a fronteira para o Paraguai. Lá os carros eram trocados por drogas, principalmente maconha, e armas, que eram levadas para o complexo e distribuídas para outras favelas da mesma facção.
Márcio Mendonça contou ainda que, depois de várias incursões nas favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, que resultaram em mais de 25 prisões e na apreensão de 120 motocicletas, além de uma tonelada de maconha, o Alemão e a Vila Cruzeiro passaram a concentrar a maior parte dos veículos roubados:
- A secretaria (de Segurança) estava planejando a ocupação para o início do ano que vem e já tínhamos um grande levantamento de toda aquela região. Mas aconteceram os ataques incendiários e, com o apoio do governo federal, pudemos antecipar a operação.
Elenilce Bottari
Fonte: O Globo
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