Rio
- Uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no caderno do tráfico. Criada para
colocar um ponto final no domínio do crime organizado nos morros do Catumbi, a
UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro se rendeu ao dinheiro das drogas. Um grande
esquema de corrupção foi descoberto na unidade, onde propinas fixas são pagas
regularmente pelos traficantes a policiais. O mensalão da UPP abastece os
agentes com quantias que variam de R$ 400 a R$ 2 mil e no mês totalizam mais de
R$ 53 mil.
Trinta
homens da unidade são investigados por envolvimento na caixinha do tráfico. Eles
foram monitorados durante um mês por policiais da Coordenadoria de Inteligência
da PM. Terça-feira, três agentes foram presos pela Corregedoria — um sargento e
dois soldados. Com eles, no carro, havia R$ 13,4 mil. O dinheiro estava em
envelopes, que continham valores entre R$ 100 e R$ 500 e o nome dos
policiais.
O
valor das propinas era fixado de acordo com a patente e a importância do agente
na estrutura do policiamento. Durante a apuração, os policiais do Setor de
Inteligência descobriram que no dia de plantão dos investigados não havia
repressão ao tráfico. Os bandidos agiam livremente e vendiam drogas nos
principais becos das favelas da Coroa, Fallet e Fogueteiro. Mas sem ostentar
armas.
A
unidade pacificadora do Catumbi tem 206 policiais e a possível ligação com as
propinas do tráfico atinge 14,5% do efetivo. O comandante e o subcomandante da
UPP — capitão Elton Costa e tenente Medeiros — também são investigados sobre o
‘mensalão’, que teria o sargento detido terça-feira como operador do
esquema.
Seria
ele a pessoa que aparece nas investigações negociando com traficantes a retirada
dos PMs das áreas onde há venda de drogas nos morros e os valores da propinas.
Inquérito Policial Militar, aberto no Comando da Polícia Pacificadora, será
analisado esta semana pela juíza Ana Paula Pena Barros, da Auditoria da Justiça
Militar, que decidirá se decreta a prisão dos PMs.
O
Comando de Polícia Pacificadora, que participa da investigação, resolveu na
quinta-feira intervir na UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro. Os 30 policiais
investigados pela Corregedoria da PM foram afastados, conforme a publicação no
Boletim da Polícia Militar, e destacados ao batalhão de origem. Todos são
recrutas e foram selecionados no ano passado por unidades do Interior do Rio
(Itaperuna, Macaé, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis).
Os
policiais estavam lotados na UPP Coroa, Fallet e Fogueteiro desde a inauguração
da unidade, no dia 25 de fevereiro deste ano. A ideia de selecionar homens novos
na carreira policial e do Interior era justamente para impedir a contaminação
dos agentes com esquemas de corrupção do tráfico de drogas. Eles serão
substituídos, agora, pelos novos recrutas que estão sendo formados pelo Centro
de Aperfeiçoamento de Praças (Cefap).
O
DIA
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