Cerca de 1.100 policiais ocuparão a área. Moradores dizem temer a
presença da polícia, que agora quer dominar o espaço que traficante Nem
mantinha
A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, a 19ª da capital fluminense, vai ser a maior da cidade.
A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, a 19ª da capital fluminense, vai ser a maior da cidade.
O planejamento inicial prevê que 1.100 policiais
militares ocupem as favelas da Rocinha e do Vidigal. Hoje, a maior é a
UPP da Cidade de Deus, com pouco mais de 500 policiais militares,
somadas as três bases da comunidade. Depois vem a da Mangueira, com 403
PMs.
O plano da Polícia Militar é que a UPP seja única para as duas comunidades. O comando ficaria na Rocinha, com um major. Uma outra base será instalada no Vidigal, onde haverá um capitão como responsável.
A Secretaria de Segurança estadual espera apenas a formatura dos novos policiais para destinar o efetivo. O coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, fará a proposta do número de PMs na Rocinha à pasta.
Para isso, depende, além da da formatura de novos recrutas, do cumprimento da determinação judicial de preencher as vagas de todos os PMs de UPPs que devem transferidos para o interior do Estado, cerca de três mil. Só depois disso, as novas vagas em UPPs serão preenchidas.
A definição da data para a implantação da UPP será dada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na Rocinha, e pelo Batalhão de Choque, no Vidigal. Enquanto isso, ambos ocupam as favelas. Equipes da Corregedoria da PM acompanharão este cerco inicial para evitar abusos ou desvios de conduta.
Policiais do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), no Leblon, só estarão nas comunidades caso sejam solicitados pelo Bope ou pelo Batalhão de Choque.
Medo e apreensão
O próximo desafio do Estado será ocupar, no dia a dia dos moradores, o espaço que o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, e seu assistencialismo mantinham na região. Chefe do tráfico na região desde 2005, Nem explorava serviços clandestinos de gás, transporte alternativo e televisão a cabo.
Os moradores observam com desconfiança a mudança de comando. “Quando vocês (imprensa) forem embora é que o bicho vai pegar", disse um morador que não quis se identificar. Cássia Cristina Silva, 25, filmou a casa inteira com o celular por precaução. "Podem entrar, mas tem que deixar tudo no lugar". Outro carioca que pediu para não ter o nome divulgado afirmou que “o tráfico vai voltar. Nem era só um representante, quem manda ainda está aí”.
(Folhapress)
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