Educação falida gera violência


A crescente onda de violência entre adolescentes que tem assustado Belém justamente no período em que deveriam estar no banco da escola recebendo ensinamentos, que contribuiriam para transformá-los em cidadãos íntegros, tem preocupado pais e deixado professores em alerta.
É preciso atenção! Pois como determina um dos imperativos apresentados pelo sociólogo Paulo Freire em seus vastos estudos sobre o povo brasileiro: “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.

Ainda assim, para os envolvidos, as agressões e ataques têm sido uma forma de auto-afirmação perante uma sociedade que está cada vez mais hostil, mas eles não levam em conta os riscos de seus atos. Demonstração de força por meio de confrontos e a necessidade de aceitação pelo grupo ou tribo ao qual pertencem podem ser os principais propulsores para o desencadeamento de tais conflitos. Pelo menos é o que afirma a pós-doutora em Psicologia da Educação, Ivany Porto. “O sistema educacional está falido. O atual modelo não permite interação entre criança e ambiente escolar e expulsa os jovens da sala de aula”, explicou.
Para ela, muitos pais estão abdicando da responsabilidade de educar o filho, atribuindo a outras instituições o papel de repassar os ensinamentos de ética, moral e conduta. “Os tempos mudaram, por isso é preciso que a família comece a orientar os filhos partindo dos novos paradigmas da sociedade. Em tempos de internet, videogames e outros gadgets, o ato de atribuir a terceiros o papel que lhes é de direito pode contribuir para desvios de conduta e problemas de ordem psicossocial”, resumiu.
OCORRÊNCIAS
De acordo com o levantamento feito pela Companhia Independente de Policiamento Escolar (Cipoe), em 2011 foram registradas 441 abordagens e verificações em escolas da região metropolitana de Belém. A ocorrência de maior frequência neste período foram ameaças, 80 no total, seguido de roubo, com 75. Alguns números preocupantes foram apontados no relatório da Companhia, entre eles os casos de porte de arma de fogo, somando 5 casos, e o tráfico de entorpecentes, 12 ocorrências registradas.
Os números são considerados baixos pela Polícia Militar, conforme destacou o major Marcos Barros, responsável pela Cipoe. “Se levarmos em conta o universo de estudantes matriculados nessas escolas, verifica-se que o número de ocorrências é baixo se comparado com o total da população em geral. Outro fator importante é que registramos menos de uma ocorrência por escola, ou seja, tem escola que passou o ano todo sem registro algum” explicou.
Como forma de prevenção e controle, o major enfatizou as ações do governo em parceria com outras instituições que pretendem combater a violência escolar, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que no ano passado formou cerca de 60.000 crianças e adolescentes. Segundo ele, a Cipoe atua com 18 viaturas e 10 motos, além do policiamento a pé nas escolas, cerca de 400 estaduais e 300 municipais da Grande Belém.

http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-150527-EDUCACAO+FALIDA+GERA+VIOLENCIA.html

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