No domingo, 25, os 28 alunos do projeto que foram selecionados no “peneirão” do último dia 18 para treinar nas categorias de base de Paysandu, Remo e Tuna farão o jogo preliminar do RE x PA. Um sonho para a todos estes garotos bons de bola e apaixonados pelo futebol. Por isso mesmo, a expectativa é grande nos quatro núcleos do Pro Paz na Região Metropolitana de Belém.
Embora com histórias de vida diferentes, os caminhos que conduziram esses garotos aos núcleos do Pro Paz são bem parecidos. Levados pelas mães, pais ou avós, eles encontraram na prática esportiva e nas atividades culturais oferecidas pelo programa a ocupação que não tinham no contraturno escolar e que os deixava muitas vezes ociosos e vulneráveis a riscos sociais como a violência e as drogas. Atualmente, o Pro Paz possui dois mil alunos divididos em atividades como futebol, natação, teatro, dança e música, dentre outras. Para se manter no programa os participantes precisam ter bom comportamento e bom rendimento escolar, regras também cobradas dos jovens talentos do futebol revelados nas atividades.Kenny Monteiro, gerente de projeto do Pro Paz, esclarece como será a nova rotina: “Os alunos selecionados pelos clubes não sairão do Pro Paz, nós continuaremos acompanhando seu desempenho e frequência na escola, seu comportamento tanto nos clubes quanto nos núcleos. Nos dias em que não estiverem treinando eles devem comparecer às unidades em que estão inscritos e fazer as atividades normalmente. Mas o importante é que eles treinem o ano inteiro junto aos times que os acolheram - Remo, Paysandu ou Tuna. Para garantir o deslocamento diário até as sedes desses clubes, o Pro Paz, através da Secretaria de Esporte e Lazer (Seel), vai repassar uma ajuda de custo às famílias”, explica.
João Victor Santana, 13 anos, morador da Terra Firme e aluno do núcleo da Univesidade Federal Rural (UFRA), está feliz pela conquista da vaga e ansioso pelo jogo no Mangueirão. “No dia da seleção eu estava nervoso, achei que não ia conseguir a vaga. Quando eu ouvi o meu nome pra jogar no Paysandu foi muito bom, meu pai ficou muito alegre”. O jogador preferido de João Victor no escrete alvi-celeste é o lateral Iago Picachu. O menino sabe que é preciso dedicação para ser jogador profissional mas o estímulo dado pelo programa, diz, é grande. “Treinar no mesmo time que ele (Iago) é muito bom, essa oportunidade que o Pro Paz me deu eu vou agarrar com unhas e dentes, porque futebol pra mim é mais que um sonho, é a minha vida".
Oportunidade é uma palavra muito usada no Pro Paz, por isso todos os meninos selecionados, além de garantirem o treinamento junto aos times parceiros do programa, também participam de outras atividades. Renan da Silva, 11 anos, do Núcleo do Mangueirão, vai usar a camisa do clube do Remo, mas nem pensa em deixar o Pro Paz: “Eu gosto muito daqui, se não fosse o programa estaria em casa sem fazer nada. Depois do futebol meu curso preferido é o de teatro, onde a gente faz amigos e o tempo passa rápido”. Outro aluno que se diz realizado é Júlio Cezar Andrade, 12 anos, do núcleo da UFPA. “Meu sonho, como o de todo menino que gosta de bola, sempre foi jogar no Mangueirão. Minha família está muito feliz e eu também”.
A relação com as famílias e a comunidade é uma das principais preocupações de Luiz Neto, gerente do Núcleo da UFRA: “A boa relação com a família e a comunidade é fundamental para alcançarmos o nosso objetivo, que é dar um futuro melhor para as crianças. Se os pais participam ativamente desse processo, isso nos permite chegar mais perto dos alunos e, por conseqüência, da comunidade em que estão inseridos. Na Semana Santa, 100 crianças dos núcleos da UFRA e UFPA vão participar da Paixão de Cristo, montagem teatral que já é uma tradição aqui do bairro da Terra Firme, organizada pelas associações de moradores”.
Luiz Tanoeiro é coordenador do núcleo da Universidade Federal do Pará (UFPA), o maior do Programa. Ele coordena um grupo onde estão inseridas 600 crianças e explica que não é só no futebol que há destaques. “Uma de nossas alunas foi selecionada para cursar música no Conservatório Carlos Gomes. Exemplos como este são fundamentais para estimular as outras crianças. Sempre dizemos a eles que devem perseguir seus sonhos, mas explicamos que com dedicação as chances de realizá-los é muito maior”. Para Ângelo Nunes, coordenador do Pro Paz do Mangueirão, “a intenção é sempre pinçar talentos natos do projeto". Queremos revelar talentos que, no futuro, terão orgulho em dizer que são cria do Pro Paz, inspirando as novas gerações e provando que é possível seguir outros caminhos”.
Texto:
Julia Garcia - Secom
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