"Quero não ter nenhuma
condescência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina
como um inquilino inevitável.
A cada manhã exijo ao menos a expectativa
de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só,já é um
entusiasmo.
(...)
Quero uma primeira vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço,uma primeira caminhada por uma nova cidade,uma primeira estreia em algo que nunca fiz, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
(...)
Quero uma primeira vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço,uma primeira caminhada por uma nova cidade,uma primeira estreia em algo que nunca fiz, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor filha,a melhor amiga,a melhor qualquer coisa.Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas,arejar minha biografia,deixar que vazem algumas ideias minhas que não são muito abençoáveis.
Queria não me sentir tão responsável,sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros,sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.
E, na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir.
O que eu quero mais? Me escutar e
obedecer ao meu lado mais trangressor, menos comportadinho,menos refém
de reuniões familiares,bolos de aniversário e despertadores na
segunda-feira de manhã.
E também quero mais tempo livre.
E mais abraços"
(Martha Medeiros)
(Martha Medeiros)
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