A mãe do para-atleta brasileiro Alan Fonteles afirma que conseguir próteses pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma das maiores dificuldades enfrentadas durante sua infância.
"A primeira prótese que ele teve, aos nove meses, nós tivemos que comprar. As outras, conseguimos pelo SUS", disse Cláudia Fonteles à BBC Brasil.
"Era muito difícil. Tem dias que não gosto nem de me lembrar. Mas Alan sempre me diz: 'Mãe, o passado é o passado, o importante é agora. Tanto eu ensinei para ele quanto aprendi.'"
Fonteles, que no último domingo venceu o favorito Oscar Pistorius e levou o ouro nos 200m rasos, correu até os 13 anos de idade com as próteses de madeira que usava para caminhar.
O atleta paraense, de 20 anos, começou a correr aos oito em um projeto de iniciação esportiva ligado ao governo do Pará.
Sua primeira treinadora, Suzete Montalvão, disse que ficou "assustada" e "preocupada" ao ouvir da mãe de Alan o pedido para que treinasse o menino. "Aquilo era novo para mim. Nunca tinha treinado um atleta paraolímpico."
Montalvão, que acompanhou Alan até o fim do ano passado, quando ele se juntou à equipe permanente paraolímpica, diz que foi preciso adaptar os movimentos do atleta às próteses de madeira. Por causa da falta de flexibilidade dos membros, ele tinha que correr com as pernas mais abertas.
"É muito difícil, imagine correr com uma perna de pau. Mas trabalhávamos com o que tínhamos, isso não podia ser um fator de desestímulo para ele. Eu tinha que mostrar que ele podia fazer o melhor para ele com essa condição", disse à BBC Brasil.
"Muitas vezes ele sangrava na hora do treinamento, mas ele sempre dizia para continuarmos. Me doía o coração, mas era da condição dele mesmo. O atleta olímpico também trabalha em cima da dor."
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