Muiraquitãs do Polo Joalheiro vão brilhar no Carnaval carioca

ASCOM
Pingentes em forma de muiraquitã (amuleto que simboliza sorte e fertilidade), confeccionados em ouro e prata por profissionais do Polo Joalheiro do Pará, serão ofertados a personalidades do trade turístico internacional e a representantes da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, no camarote reservado no Sambódromo do Rio de Janeiro, durante o Carnaval 2013. As joias artesanais fazem referência ao enredo da escola, “Pará, o Muiraquitã do Brasil – sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”, que homenageará o Estado, no desfile da próxima segunda-feira (11). Os pingentes serão ofertados pela Secretaria de Estado de Turismo (Setur).
O desfile da Imperatriz Leopoldinense na Marquês de Sapucaí promete mostrar a diversidade cultural paraense, como o Círio de Nazaré, o Ver-o-Peso, o Festival do Sairé, a Marujada, o tecnobrega e todo o encanto da lendas regionais, como a do muiraquitã, que conta como o amuleto era presenteado pelas lendárias índias Amazonas aos guerreiros que demonstrassem força e bravura.
Além dos metais nobres, os pingentes têm gemas minerais (quartzos) e orgânicas (sementes), e foram feitos com uma técnica especial de coloração, a Incrustação Paraense, criada e aperfeiçoada por joalheiros do Polo. As joias serão entregues pelo secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes.
A criação e a produção de joias inspiradas na diversidade cultural do Estado, segundo Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto, têm sido uma marca na trajetória do design de joias incentivado pelo Programa Polo Joalheiro do Pará. “O muiraquitã é um dos símbolos culturais representados na produção joalheira, tanto literal quanto na releitura contemporânea realizada pelos designers paraenses”, reitera.
Os pingentes foram adquiridos nas empresas DaNatureza, Montenegro’s, Ourama, Ourogema e Amazonita, que comercializam seus produtos no Espaço São José Liberto. De tamanho e formatos diversos, as joias inspiradas no amuleto foram criados por profissionais do Programa Polo Joalheiro, como as designers Joseli Limão e Selma Montenegro, os ourives Onésimo Calado e Edinaldo Pereira e as equipes das quatro empresas.
Orgulho - A participação na homenagem feita pelo Carnaval carioca ao Estado do Pará é motivo de orgulho para os profissionais do São José Liberto. “É mais uma forma de a gente divulgar o nosso trabalho em termos de joalheria, a nossa evolução. E bom poder ver as nossas lendas, nosso design, nossa matéria prima diferenciada e todas as vertentes da nossa cultura sendo divulgadas”, declarou a designer Selma Montenegro, acrescentando que o muiraquitã é um “ícone” do trabalho do Polo Joalheiro, sendo procurado por compradores de todo o mundo. Joseli Limão, que integra o Polo Joalheiro desde sua criação, em 2002, disse que “a evolução das peças reflete a própria evolução dos profissionais do espaço".
O toque especial dos pingentes oferecidos pela Setur é a pintura manual feita na caixa confeccionada pela designer e artista plástica Celeste Heittman, também ligada ao Polo Joalheiro. As tampas das embalagens retratam o Ver-o-Peso, um dos mais conhecidos cartões postais do Pará. “Ao pensar na criação logo me veio a ideia do Mercado Ver-o-Peso. Não é novidade que sou uma apaixonada pela sétima Maravilha do Brasil. E a tendência art nouveau é a mais recorrente nas minhas telas, que tenho a felicidade de tê-las dentro e fora do Brasil”, contou Celeste Heittman.
Muiraquitã – O governo do Pará possui, atualmente, 26 muiraquitãs, coleção considerada a maior do Brasil, segundo a pesquisadora, arquiteta e doutora em Geoquímica Anna Cristina Resque Meirelles, diretora do Museu de Gemas do Pará, que funciona no Espaço São José Liberto. Vinculado ao Sistema Integrado de Museus (SIM), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o Museu de Gemas abriga parte da coleção de exemplares raros de muiraquitãs.
Desde 1996, Anna Cristina Meirelles estuda o amuleto, tema que se transformou em sua tese de doutorado na Universidade Federal do Pará (UFPA) - “Muiraquitã e Contas do Tapajós no Imaginário Indígena: uma análise químico-mineralógica dos artefatos dos povos pré-históricos da Amazônia”. Com plano de transformá-la em livro ainda este ano, Anna Cristina também pesquisou exemplares expostos no Museu Paraense Emílio Goeldi e no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com a tese, os muiraquitãs, também conhecidos como pedra verde, são artefatos de pedra confeccionados em minerais ou rochas de elevada dureza, e cuidadosamente esculpidos em formas variadas. Como o jade é desconhecido na Amazônia, os muiraquitãs, durante muito tempo, foram considerados vestígios de antigas culturas asiáticas.
Segundo Anna Cristina Meirelles, questões intrigantes envolvem a história do amuleto. “Quem elaborou? Como foram elaborados, já que foram confeccionados em pedras extremamente duras sem a utilização da tecnologia dos metais como, por exemplo, as que eram utilizadas na cultura milenar chinesa? Por estar envolto nessas diversas questões, ele se tornou o mais cobiçado dos artefatos líticos de nossa região”, informou a pesquisadora.
Lenda – Na Amazônia, uma das lendas indígenas mais conhecidas sobre o amuleto de cor verde, talhado em pedra, é a que define o muiraquitã como um objeto utilizado pelas mulheres Tapajoaras (da área de influência do Rio Tapajós, no oeste do Pará), para prevenir doenças e evitar a infertilidade.
A popularidade do amuleto se espalhou pelo Baixo Amazonas até o Caribe, onde exemplares do muiraquitã foram encontrados. Sua origem pode estar  ligada às índias guerreiras da lendária tribo Ikamiabas (ou Amazonas), que viviam na Região do Baixo Amazonas em uma tribo isolada, às margens do Rio Nhamundá.

Texto:
Luciane Barros - São José Liberto

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