Sinalização perto de escolas é precária

Ainda na porta do colégio, a promotora de vendas Rosana Bezerra acompanha, atenta, a travessia do filho. Sem que nenhuma sinalização vertical ou horizontal identificasse a localização de uma escola na travessa Barão do Triunfo, entre as avenidas Marquês de Herval e Pedro Miranda, a única segurança disponível é o acompanhamento do filho de oito anos até a entrada do colégio. Já próximo do encerramento do horário de entrada das crianças, a movimentação intensa dos carros é o que mais lhe preocupa. “Preocupa, essa situação. Não tem uma faixa de pedestre aqui”. 
Com as mãos do menino bem firmes entre as suas, a única confiança está no próprio instinto. “Aqui ainda é pior no horário de pico, na saída. Os carros não esperam as crianças atravessarem, eles veem que tem uma escola, mas não reduzem a velocidade”, reclama. “Eu só saio daqui depois que ele entra. Tinha que ter qualquer sinalização para que houvesse mais segurança”. 
Também na companhia do filho, a dona de casa Márcia Santos percebe a insegurança não apenas às proximidades da escola em que o filho João Gabriel, de sete anos, estuda. Com a atenção redobrada em todo o caminho de casa até o colégio, ela sente falta de sinalizações que permitam maior segurança às crianças que chegam e saem dos colégios. “Atrapalha muito não ter um sinal de trânsito, uma faixa. “Deveria ter uma sinalização que fizesse com que os motoristas respeitassem. É um fluxo muito grande de crianças ao mesmo tempo, tem que ter sinalização”, protesta. “Se mesmo quando tem uma faixa na frente do colégio eles não respeitam, imagina sem ter”, reclama. 
Há algumas ruas do colégio de João Gabriel, ainda no bairro da Pedreira, a observação de Márcia fica evidente. Já posicionada na calçada, em frente à faixa de pedestre, a estudante do segundo ano do ensino médio, Juliana Damasceno, precisa aguardar a boa vontade dos motoristas para conseguir atravessar. Instalada exatamente na direção de um colégio particular localizado na travessa Mauriti, entre as avenidas Pedro Miranda e Antônio Everdosa, a faixa, por muitas vezes, não é garantia de parada dos veículos. “Ninguém respeita. Eles não param, não adianta balançar o braço, fazer sinal”, aponta Juliana. “É muito importante ter uma faixa porque dá mais segurança, mas tinham que parar quando tivesse gente para atravessar”. 
Em outro bairro de Belém, na travessa Djalma Dutra com a rua do Una, a ausência de uma sinalização adequada também preocupa pais e alunos. Pouco mais de 15 dias após o atropelamento e morte de uma menina de 11 anos que atravessava a rua com a mãe e o irmão na saída da Escola Estadual Vera Simplício. Sem que nenhuma indicação no chão identificasse a necessidade de redução da velocidade em área escolar, passado o acidente, os pedestres ainda precisavam contar com a prudência dos motoristas para não correrem riscos. “Aqui é muito complicado. Acho que uma faixa de pedestre ia melhorar, mais ou menos, a situação. Poderiam colocar, pelo menos, uma lombada”, requeria o técnico de informática Ocimar Moreira. 
Sem que o problema se restrinja àquela escola, em uma rápida volta no bairro do Telégrafo já é possível identificar a ausência de sinalização às proximidades de outros colégios. Na Escola Estadual de Ensino Médio Magalhães Barata, na travessa José Pio, e na Escola Técnica Estadual, na avenida Municipalidade, também, nenhum tipo de sinalização orienta o fluxo de estudantes. 
De acordo com a assessoria de comunicação da Autarquia de Mobilidade Urbana (Amub - ex-CTBel), desde janeiro está sendo feito o levantamento das escolas onde há problemas de sinalização. Segundo nota encaminhada ao DIÁRIO, um plano está sendo traçado para que se desenvolvam serviços de sinalização e educação no trânsito. “Não podemos entrar em todas as escolas de uma única vez, então estabelecemos como critérios aquelas cuja localização reflete em toda a cidade e vice-versa, aquelas em que o intenso tráfego na área acaba deixando a escola vulnerável”, afirmou o diretor de trânsito da Amub, João Renato Aguiar, através da nota.
(Diário do Pará)

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