Planos dos lotófagos para a segurança pública


Conta Homero, no livro “Odisséia”, que Ulisses (Odisseu), em um dos episódios de sua volta ao lar, aporta em uma ilha, no norte da África.
Na ilha há uma tribo que se alimenta de lótus, uma flor branca com um poder mágico, qual seja, o de causar amnésia. As pessoas, ao comerem a flor, esquecem seu passado, vivem entorpecidos com o “hoje”.
Os tripulantes da nau de Ulisses passam dias e dias com os nativos e não lembram os motivos que os levaram a reconhecer a ilha, e não voltaram ao barco, até o momento em que o rei de Ítaca os resgata, amarrando-os em seus assentos e parte dali.
A figura dos lotófagos me ocorreu quando ouvi, de um amigo, sobre a entrevista, pelos idos de 1969, que o ilustre jurista Hely Lopes Meirelles concedeu, no exercício do cargo de Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Nesta entrevista, há mais de 40 anos, o Sr Hely afirma que a Polícia Militar precisa de mais efetivo e viaturas e que a Polícia Civil precisa de mais condições para investigar, com eficiência, os crimes.
O discurso é bem atual, aliás muito parecido com o que ouvimos de todos os secretários da pasta da segurança pública.
Ou melhor, o discurso não é atual, mas sim repetido e esgotado, a apresentar a visão “lotófaga” de quem não consegue lembrar as lições do passado, isto é, estão, as autoridades, a repetir a velha cantilena de que mais efetivo e viaturas é sinônimo de mais segurança, quando, na verdade, tal prática não conduz aos resultados desejados, visto que mais policiais patrulhando no mesmo contexto alteram muito pouco a sensação de segurança das pessoas nos espaços urbanos públicos...
 Sem mudança, contextual, nas condições de ética, saúde, educação, habitação, ofertas de emprego, lazer, garantia de dignidade para as pessoas, etc, não ocorrerão os resultados esperados, ou seja, ficaremos a repetir as mesmas práticas esperando resultados diferentes...

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