PUXAR O FUMO.
O que me
assustou, causando-me perplexidade pela forma como se anunciou, foi a expressão de que “todo cidadão para ser oficial da PM tinha que puxar o fumo logo no
primeiro ano de Academia”.
Essa
informação rude e abrutalhada pegou alguns alunos do primeiro ano de surpresa.
Teríamos que, a partir daquele momento, ter a convicção de que, para saber o
mal que a droga produzia, era preciso passar pela “emoção” de experimentá-la.
Essas
coisas que os veteranos falavam, soavam como ordens e o não cumprimento seria
sentença de perseguição para o resto do curso. Era sinal que teríamos de
cumprir as ordens dos “mais antigos”. A alternativa era “pedir baixa”, isto é,
pedir para ir embora.
Daí que
chegou a minha vez de puxar o fumo. Fui levado para o banheiro da Terceira
Companhia. Um aluno do 2º. Ano acendeu um cigarro e colocou um pano em volta da
minha cabeça, vedando meus olhos e de um amigo da minha turma que esboçava
agredir um dos veteranos que lhe segurava pelos braços. O que seria um simples
trote, parecia se anunciar um problema.
Nesse
instante, um aluno do 2º. Ano me passou um barbante (fio) e tirou o pano de
meus olhos, dizendo:
- Agora,
puxa o fumo, bicho!
O
barbante media cerca de um metro e meio. Na extremidade, havia um cigarro
amarrado. E eu tinha que puxar aquele cigarro do banheiro ao corredor da
Companhia.
- Bora, bicho. Puxa esse fumo!
Quando
vi que “puxar o fumo” se resumia a esse procedimento... deu um alívio.
O outro
colega teve que pedir desculpas aos veteranos. Não estava suportando a
brincadeira. Chegou ao limite da pressão psicológica.
Extraído do livro A CASERNA FORA DO SÉRIO: O LADO CÔMICO DA VIDA POLICIALhttp://migre.me/ewOej
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