Um vídeo de uma relação sexual postado no WhatsApp pode ter levado ao
suicídio de Júlia Rebeca, de 17 anos, em Parnaíba – litoral do Piauí.
Júlia tinha Instagram, Facebook e Twitter. No microblog a menina
postou suas últimas mensagens de texto. Para a mãe deixou: “Eu te amo,
desculpa não ser a filha perfeita, mas tentei. Desculpa, desculpa… eu te
amo muito”. É uma mistura do que se tornou a Internet com o que muitas
vidas se transformaram, uma em função da outra. A Rede Mundial de
computadores foi feita por pessoas. Depois parece que ganhou vida
própria, se alimentando das neuras e dos anseios das milhões de pessoas
que acessam a World Wide Web.
Jaron Lanier, conhecido como o pai da tecnologia da realidade virtual, diz em seu livro Bem-vindo ao Futuro (Editora Saraiva): “Nós
aprimoramos a sua forma de pensar por manipulação direta da sua
experiência cognitiva, não indiretamente, pela argumentação. Basta um
pequeno grupo de engenheiros para criar uma tecnologia capaz de moldar
todo o futuro da experiência humana com uma incrível velocidade. Dessa
forma, discussões cruciais sobre relacionamento do ser humano com a
tecnologia deveriam ser conduzidas entre desenvolvedores e usuários
antes que essas manipulações diretas sejam projetadas”. Pow!!! É isso!!!
Sem rodeios, sem firulas, sem parábolas. De forma reta e direta. Um
soco no estômago de quem debate as coisas só na base do achismo e da
suposição.
O que chamo a atenção de todos aqui, sejam pais, tios, avós,
responsáveis, é que precisamos discutir a influência ou as consequências
do uso da Internet sem limites. A menina Júlia, apesar da sua
desenvoltura nas redes sociais e mesmo na cama – como se viu no vídeo,
que circula pela rede (Outro fator grave: algo uma vez postado, torna-se
quase impossível retirá-lo), era apenas uma garota, precisando de
acompanhamento, orientação e outros afetos. Digo isso sem nenhum
julgamento da questão aqui contextualizada. A abordagem é outra.
Precisamos saber quem nossos filhos estão “seguindo”. Apesar de toda a
modernidade que se instala no mundo, aquele adágio que nossas mães
desinternetizadas usavam para fechar uma advertência sobre nossos
amigos: “Me diz com que tu andas, que te direi quem és”, ainda serve. E
muito! Precisamos saber quem anda “curtindo” nossas meninas… quem
“cutuca” nossos parceiros enquanto estamos offline.
Já não sabemos com quem eles andam, com quem ficam, com quem transam.
Enquanto não queremos nos intrometer em suas intimidades, um
inconsequente não se satisfaz em seduzir, levar para a cama e fazer sexo
desvairado (como se o mundo fosse acabar da mesma forma que se perde o
sinal do “hi fi”). Agora, para esse tipo de jovem insano, tem que,
também, fazer um vídeo da orgia e depois postar na Internet, para que
todo mundo saiba do quanto garanhão é o elemento.
Qualquer dia desses para sabermos quem são os nossos filhos teremos que digitar e perguntar para o Google.
A mãe de Júlia Rebeca viu a declaração de amor, o pedido de desculpas
por não ser a filha que ela gostaria, e, suas últimas palavras no
Twitter: “Eu tô com medo mas acho que é tchau pra sempre”.
Já era tarde!
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