Alexandre Garcia
A Polícia Militar nos estados tem sido criticada cada vez que mata
bandidos.
Aqui na capital, um assaltante fez refém uma balconista de
farmácia. Mantinha a mulher, grávida, com revólver na cabeça, afirmando
que iria matá-la. Um PM conseguiu salvar a vida da grávida, matando o
bandido com um tiro certeiro na cabeça.
Fui muito criticado porque disse que o episódio teve um final feliz.
Sempre soube, desde criancinha, que histórias de bandidos e mocinhos têm
um final feliz quando a mocinha é salva e o bandido é morto ou vai para
a cadeia. É assim no mundo civilizado.
Aqui no Brasil, a torcida parece
ser do bandido, contra o policial. E a realidade é que o policial é
punido e o bandido fica impune. Com isso, a polícia se sente cada vez
mais constrangida, quando precisa cumprir com o seu dever de proteger
inocentes e combater o crime.
Semana passada no sertão pernambucano, um
bando de oito assaltantes, atacou mais um banco usando dinamite, duas
carabinas calibre 12, uma metralhadora 9mm, sete pistolas de calibres
.38, .40 e 9mm e um revólver especial. Tinham 400 cartuchos.
A PM
pernambucana os perseguiu e eles tomaram a casa de uma família, fazendo
reféns. Houve negociações infrutíferas, os bandidos tentaram abrir
caminho à bala e a PM reagiu. Dois bandidos morreram no local, dois no
hospital, e quatro foram feridos e estão presos. Nenhum civil ficou
ferido. Uma ação da maior competência da Polícia Militar. No país dos
bandidos, não fiquei sabendo de noticiário que louvasse a bem sucedida
operação. Nosso louvor, nesses dias, tem sido para jogadores de futebol,
que ganham algumas dezenas de vezes mais que um PM para fazer o papel
de circo que nos faz esquecer a desgraça que é viver num país campeão
mundial de homicídios: 137 por dia, a cada dia, na sub-avaliação dos
dados oficiais.
Vivemos presos em nossas casas, atrás das grades e com
medo. Agora passei minhas férias no Chile, na maior paz, na ausência de
assaltos ou assassinatos. Na Itália, em abril, eu sacava euros em caixas
eletrônicos no meio da noite, em becos escuros, sem o menor receio. Por
lá, mataram, no ano passado, 594 pessoas. Aqui, mais de 50 mil. E,
neste país suicida, a torcida de muitos está ao lado dos bandidos. A PM
pernambucana há tempos vem agindo com o rigor necessário. É prerrogativa
do Estado o uso da força para manter a lei e combater a violência.
Talvez por isso já existe um fio de esperança: Paulo Henrique, 9 anos,
catador de latas em esgotos no Recife, foi fotografado mergulhado na
imundície pelo Jornal do Commércio. Perguntado sobre o que gostaria de
ser na vida, respondeu: “Quero ser polícia, para pegar bandido”. Pela
pregação de alguns, o ideal seria que os meninos pobres fossem bandidos,
para ter a mesma fama dos fora-da-lei idolatrados por militantes do
politicamente correto. Mas Paulo Henrique não afundou nesse esgoto, e
nos deixa com alguma esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente