A tenente Luciana Oliveira, da Polícia Militar do Pará, que está no Japão fazendo o curso de Polícia Comunitária, concedeu uma entrevista exclusiva para o blog falando de suas expectativas quanto à capacitação e o que ela espera trazer de bom para o seu Estado. O curso termina no próximo final de semana.
(Entrevista à Camila Gavinho)
Blog: Quais as suas expectativas como você está se sentindo pelo fato de se dirigir a um outro país com realidade tão diferente da nossa?
Sinto-me muito feliz pela oportunidade que tive em conhecer um país com um povo, território e cultura tão diferente da nossa. A troca de experiência e o conhecimento acerca da segurança pública local será de suma importância para a adequação do que for possível e positivo para a estrutura de nosso país, em particular o Estado do Pará. Minhas expectativas são de apreender os mecanismos utilizados pelo governo japonês para que a segurança pública consiga manter por décadas a criminalidade em níveis tão reduzidos respeitando os direitos humanos e tendo a população uma relação harmônica com a polícia.
Blog: Você acredita que a Policia Comunitária é o caminho para uma segurança pública realmente efetiva?
Sim, pois polícia comunitária volta-se para atuação de prevenção e não apenas repressão, e é importante atuarmos preventivamente, pois se não for assim vamos ficar "enxugando gelo " como diz um determinado estudioso da filosofia de polícia comunitária. Entretanto cabe ressaltar que políticas de segurança pública acontecem com integração e parceria de todos os seguimentos governamentais e sociais para que aja a efetividade, conforme preceitua a filosofia de polícia comunitária.
Blog: A seu ver, o que podemos oferecer como bom exemplo de policia comunitária para este país?
Na verdade o Japão atua no sistema de polícia comunitária desde 1874, então a institucionalização dessa política nacional com a implementação de bases comunitárias que são postos fixos - koban e chuzaishos, já está nas veias da população local. O Brasil iniciou na década de 70, aproximadamente, e suas ações de polícia comunitária foram isoladas, sem incentivo institucional, e talvez até parco conhecimento acerca da filosofia. Diria que o bom exemplo que podemos citar é o incentivo que o Ministério da Justiça está fornecendo aos estados brasileiros para a implementação da filosofia de polícia comunitária, como política de segurança pública da força policial, haja vista o alto índice de criminalidade e a necessidade de se trabalhar a prevenção como prioridade, somada com a repressão, que não deixará de existir já que somos a força do Estado e no momento de infração as nossas leis, o Estado não poderá se omitir e deve agir.
Blog: E o que você acha que poderá trazer como uma boa experiência para o policiamento comunitário do Brasil?
Muitas coisas. Uma das quais eu achei muito interessante é que existe um grupo de voluntários da comunidade, que atuam para problemas específicos, claro que isso precisaria se adequar à nossa realidade. Outra coisa que gostei muito é o monitoramento dentro de cada unidade (o que para nós seria nos batalhões), e esse acionaria de imediato o policiamento local ( base comunitária) para o atendimento da ocorrência. Enfim existem muitas coisas que estou podendo aprender, e que devem ser colocadas em prática conforme as adequações de cada local.
Obrigada pelo envio das notícias, Costa Junior, estava super curiosa para saber como estão as coisas com a equipe de 12 profissionais de segurança pública, sendo um deles o TC Lemos Pita, da Senasp, no Japão. Não foi fácil conseguir efetivar a viagem do grupo, mas sempre vale a pena empreendermos nossos esforços para garantir a melhor qualificação e troca de experiências para os nossos profissionais de segurança pública.
ResponderExcluirCristina Villanova
Diretora de Prevenção - Senasp/MJ