- Crédito: Walter Falceta
Antes
da partida contra a Argentina (Super Clássico das Américas), nesta
quarta-feira, a torcida paraense deu show de civilidade no lotado
Estádio Mangueirão. Cessou a amostra instrumental do Hino Nacional, mas
o povo resolveu seguir até o fim da primeira parte da composição, à
capela. As imagens de TV mostram o povo feliz com a saudável molecagem,
orgulhoso, muitos com as mãos sobre o peito.
São crianças, jovens,
idosos, gente negra, branca, índios, representantes da comunidade
nipônica e, certamente, a linda mistura de tudo isso.
O craque Neymar,
ele próprio tão espetacularmente miscigenado, comove-se com a cantoria,
marcada na percussão das palmas sincronizadas. Comoção bem comovida.
Talvez, mais do que a festa, seja conveniente tomar esse espetáculo
como lição para o Sul-Sudeste, onde o Hino é frequentemente ultrajado
pelos torcedores, especialmente pelos filhos das elites, sempre
envergonhados de sua nacionalidade.
Cabe também uma reflexão sobre o
ódio que determinados brasileiros têm do próprio país, expresso
diariamente nos comentários neofascistas dos grandes jornais dessas
regiões. Esse comportamento, aliás, é resultado da campanha diária,
massiva, que os mesmos veículos fazem para desmoralizar o país e seu
povo. O jornalismo de “pinça” só destaca o que é ruim, o que é nefasto,
o que não presta. Obsessivamente.
O processo de extinção da miséria
parece não existir, tampouco a expansão do consumo popular. E cada
agulha sumida numa repartição pública torna-se um escândalo. Pior: a
indignação é seletiva, pois o graúdo que desvanece nas administrações
estaduais neoliberais nunca vira manchete. Se há notícia boa do Brasil,
ela é minimizada. Se o positivo é notório, emprega-se logo uma
adversativa, um “mas”, para reduzir ou neutralizar o impacto da
mensagem. São espantosos os malabarismos aritméticos, os artifícios de
linguagem e os sofismas utilizados para transformar em ruim o que é
bom.
São gráficos lidos de trás para frente ou pizzas que têm apenas uma
ou outra fatia destacada.
Disseminar a síndrome de vira-lata,
obviamente, tem um objetivo claro. É recalcar os tradicionais estratos
médios, é causar rancor, é produzir a intriga, é gerar dissensão, é
fomentar o ciúme, é espalhar o ódio entre irmãos. Afinal, para os
obsoletos da elite midiota, é preciso difundir todos os dias a ideia do
caos, mesmo que imaginário.
Para quem perdeu, faz-se urgente uma
insurreição para acabar com a festa do crescimento econômico extensivo,
da inclusão social e da democratização de acessos.
Enquanto eles não
passam, vale a pena ficar com o Pará, com os brasileiros do Pará.
Viva o
Pará!
Brasil 2 x 0 Argentina [28/09]
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