WALMARI PRATA CARVALHO
Nos idos de 1973 existiam dois PM
pertencentes ao antigo Batalhão de Guardas, depois 2º BPM, ali na Gaspar Viana,
hoje, infelizmente desativado.
Um era o soldado conhecido por Formigão. O outro, era o cabo Corneteiro,
cuja fisionomia lhe emprestava na caserna, assim como ao soldado, a alcunha de Culhão. Realmente suas bochechas caídas (talvez pelo exercício da corneta) davam toda a
aparência do aludido assessório masculino.
Se encontrando a dupla na guarda
do quartel, em determinado dia, resolveram dar uma voada (como se chamava, á época,
sair sem autorização do serviço) até o mercado do Ver-o-Peso.
Já no mercado, resolveram tomar
todas que o dinheiro desse.
Depois de esgotado o capital eis que propõe o
Soldado Formigão:
- Cabo, eu tiro um bico de segurança, no final da linha do ônibus
Tavares Bastos. Vamos dar um pulo ate lá, que eu pego uma ponta com o fiscal e a gente
continua a festa!
Acordado, rumaram ao destino, adentrando num ônibus da
linha, onde o corredor estava livre e as cadeiras todas ocupadas.
Se postaram
fardados e de pé, bem próximo ao motorista.
Quando o ônibus passa pela Almirante
Barroso, entra um bêbado pela porta de traz e começa a tirar o dinheiro da
carteira para pagar a passagem ao cobrador.
Inadvertidamente, neste momento, o
motorista é obrigado a brecar o ônibus, provocando o brusco deslocamento do bêbado, que
ultrapassa a borboleta, indo se estatelar ao chão do veículo, bem ao lado dos dois
policiais.
O bêbado não se conteve, e,alterado pelo álcool e motivado pela queda,
começa a proferir inúmeros impropérios destinados ao motorista.
Os
policiais, mesmo ouvindo tudo, e mesmo bem próximos ao bêbado, nada
faziam, inertes, e mudos ficaram.
Nisto uma senhora, sentada ao lado do soldado
Formigão, cutuca-lhe e diz
- Poxa, duas autoridades fardadas, vendo esse senhor dizer
tudo quando é de pornografia, dentro deste ônibus cheio de senhoras e crianças e nada
fazem. Tome uma providência, soldado!
O soldado Formigão lhe responde:
- É, minha
senhora. A senhora tem razão, mas, onde tem um graduado, soldado não fala. Faça o
favor de falar aqui com o meu superior, o Cabo
Culhão, que ele resolve o caso!
Foi uma gargalhada geral no ônibus, até o bêbado
não conteve o gargalhar.
Neste ínterim o cabo dizia:
- Soldado, me respeita. Eu
tenho nome! - reclamou Culhão, digo, o corneteiro.
- Mas, cabo só me lembro do seu apelido!
- Me respeita, Formigão! - rebatia o
cabo.
- Ó, tá vendo. O senhor está me apelidando!
E assim foram até o final da
linha, onde desceram e continuaram bebendo, felizes para sempre, até o dia seguinte, quando
curtiram suas ressacas no xadrez do quartel.
Este não é um causo de caserna,
pois, verdadeiro é, quem souber que conte outro, mesmo que causo venha a ser.
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