Rotina arriscada deixa familiares em alerta e na mira de bandidos



Noely Lima
Da Redação
uma atividade de muito risco, por isso rezo e peço proteção a Deus todos os dias para que nada de mal aconteça com ele", diz a autônoma Lurdes Nobre, de 73 anos, mãe do investigador de Polícia Civil Raylson Alexandre Nobre. A preocupação de Lurdes com o filho se deve ao perigo que cerca a profissão de policial, seja ele civil ou militar. "Quando ele está no trabalho fico preocupada, pois nessa profissão você está sujeito a enfrentar conflitos diários no combate à criminalidade".
O perigo é um elemento associado ao trabalho policial, já que sua principal atribuição é lidar com a criminalidade. Os riscos e a insegurança que cercam a atividade preocupam a todos que têm um policial na família. "É claro que já estou acostumada com a rotina dele, pois já são dez anos de profissão, mas preocupação de mãe nunca passa. Aprendi a conviver com a situação, pois sei que meu filho ama a profissão. Mesmo angustiada, sei que ele está fazendo o que gosta, por isso só me resta rezar e pedir proteção divina", afirma a mãe do investigador Raylson, que revela não consegue dormir enquanto o filho não retorna para casa.
"Ligo para saber se ele já chegou, pois não conseguiria deitar na cama sabendo que meu filho está nas ruas correndo risco. Só durmo depois de ter a certeza de que ele está seguro em casa", contou a autônoma, que revela ter motivos para tanta preocupação. "Meu filho já foi vítima de assaltos duas vezes. Na última vez levaram a arma dele. Um dos assaltos ocorreu na porta da casa dele, quando os bandidos já se aproximaram pedindo que entregasse o revólver. Fiquei apavorada só de imaginar meu filho sendo abordado por criminosos que não têm o que perder. Sempre que ele está em perigo tenho um pressentimento, acho que é coisa de mãe que sabe quando o filho está precisando de ajuda".
Assim como ela, a costureira Joana Souza (nome fictício para preservar a personagem), de 59 anos, sente a angústia de ter um policial na família. "Meu marido já falecido era policial e meus dois filhos acabaram ingressando nessa área. O mais novo é policial militar como o pai era, e o mais velho é escrivão da Polícia Civil. Não tem como não se preocupar quando os dois estão de plantão noturno. Fico tensa só de lembrar que o mais novo chegou a ser atingido de raspão por uma bala, durante uma ação no bairro da Cabanagem. Depois desse episódio, há dois anos, minha preocupação redobrou", declarou Joana.
O risco que cerca a profissão motivou a costureira Joana Souza a incentivar os filhos a mudar de atividade. "Eles já possuem uma estabilidade na profissão, mas isso não os impede de prestar concurso público para outros órgãos públicos. Se conseguirem passar em um concurso para a área administrativa terão todo o meu apoio, pois é bem mais seguro", afirmou.
 
Falta Tranquilidade até em dias de folga
A insegurança ronda as famílias até mesmo nos dias de folga dos policiais. É o caso de Kléber Pinto, irmão do soldado Paulo Nunes Pinto, morto no último dia de 2012 durante assalto a uma farmácia na Cidade Nova VII, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. "Não imaginava que um dia isso fosse acontecer com meu irmão, principalmente porque ele não estava trabalhando. Era um dia de folga e ninguém em casa pensou que essa tragédia pudesse acontecer pelo simples fato de ele ser policial. Quando o policial está em ação tudo pode acontecer, mas em dia de folga ninguém espera o pior".
Além do risco à própria integridade física, o policial tem que lidar com a resolução de variados conflitos. "Não podemos fugir dos conflitos diários, por isso o risco sempre existe. A preocupação da minha família é grande, principalmente da minha mãe e irmãs, mas tento evitar problemas para que elas não sofram. Sempre que posso telefono para tranquilizá-las", disse o investigador Raylson Nobre.

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