Para sindicato de policiais civis, projeto é ‘vergonha’.
Entidades de classes de policiais militares, civis e da Polícia
Técnico-Científica criticaram o bônus que o governo de São Paulo
pretende pagar para aqueles que conseguirem reduzir os índices de
criminalidade em suas áreas de atuação. O benefício semestral de R$ 4
mil a R$ 10 mil, segundo previsão inicial, para os mais bem avaliados,
foi anunciado nesta quarta-feira (22) pelo governador Geraldo Alckmin
(PSDB), como parte do programa "São Paulo contra o crime". A medida faz
parte de mais um pacote de ações para conter a violência no estado. Os
setores da Polícia Civil também serão reformulados.
“Tem gente no
policiamento e na área administrativa que tentarão esse bônus. Portanto,
não sou favorável porque haverá uma disputa interna. Sou favorável que
se coloque aumento real no salário. Se houver bônus, que o benefício
seja para toda a categoria. Não havendo isso, poderá haver manipulação
de dados, descontentamento e inveja interna”, afirmou o coronel Salvador
Pettinato Neto, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia
Militar no estado de São Pauo.
Segundo o Pettinato Neto, o principal
gargalo que todos os policiais militares enfrentam, seja o do mais
baixo escalão até o mais alto, é a questão salarial. “Sobre viaturas e
armamentos, não podemos reclamar. Falta mesmo o reconhecimento da parte
financeira. Vamos ao secretário da Segurança Pública [Fernando Grella
Vieira] para pleitear aumento salarial. É uma pauta conjunta com todas
as carreiras da PM. Pleiteamos 15% de aumento real para este ano e 11%
para o ano que vem para todas as categorias, do cabo ao coronel”, disse
Pettinato. Segundo ele, o salário médio de um coronel gira em torno de
R$ 9 mil líquidos atualmente.
Procurada, a Associação de Cabos e
Soldados da PM informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só
irá se pronunciar sobre o projeto após a analisar a proposta oficial
feita pelo governador nesta quarta-feira.
No entendimento do
Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, o bônus é uma “falta de
vergonha” e o governo deveria melhorar as condições de salário e de
trabalho, segundo o presidente George Melão.
“Isso é uma falta de
vergonha porque não temos que ser bonificados para cumprir nossa
obrigação. Temos que ter aumento de salário e melhores condições de
trabalho. Isso é uma falta de vergonha com a segurança pública. As
condições de trabalho para os policiais no estado de São Paulo são
péssimas”, Melão. De acordo com ele, um delegado recebe atualmente cerca
de R$ 7 mil brutos, mas deveria ganhar R$ 12 mil.
“Por nossos
cálculos faltam em torno de 12 mil a 15 mil policiais civis no estado
para atender a demanda de trabalho. Por falta de policiais, guardas
civis e outros funcionários públicos, que não são policiais, estão
fazendo trabalho de escrivães e serviços administrativos nas delegacias,
principalmente no interior do estado”, disse Melão.
Os responsáveis
pelas associações de investigadores e escrivães não foram encontradas
pelo G1 para comentarem o assunto. Essas duas categorias pretendem
realizar um protesto no dia 11 de junho no vão livre do Masp. A
manifestação está sendo divulgada na internet e prevê pedir melhores
salários e condições de trabalho. A categoria irá votar a proposta de
greve.
“Não sabemos se bônus vai para a categoria da Polícia
Técnico-Científica. De qualquer modo, mesmo se for para nós, não
queremos bônus, queremos um plano de carreira e valorização do
policial”, disse a secretária de finanças do Sindicato dos Peritos
Criminais do Estado de São Paulo, Maria Márcia da Silva Kesselring, que
esteve no Palácio dos Bandeirantes durante o anúncio do programa "São
Paulo contra o crime".
Do G1 São Paulo
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