Coronel Walmari Prata Carvalho
Como prometido foi reporto-me
agora a mais uma das inúmeras passagens hilárias de caserna, esta, talvez, não
venha a ser considerada tão hilária para aqueles que, não vivenciaram a época
em que o fato ocorreu, mesmo porque, nos dias de hoje tem gente mudando o ritmo
ate do sermão das três horas da agonia; novos tempos, novos dias.
Mesmo assim
esperando levar aos corações saudosistas, e, impregnados com os sentimentos
nacionais que, o então momento será despertado na grande maioria os quais
perceberão em maior profundidade o fato em si, e, sua decorrente provocação ao
hilário.
Minha turma de NPOR 1970
realizava manobra, e, neste especial momento todos se encontravam dentro de um
barco de três andares, movido por imensas pás em sua popa, o qual lentamente
subia o rio Madeira.
O andar de cima era ocupado pelo general comandante da
manobra, e, seu staff. No andar mais abaixo todos os membros alunos do NPOR.
Para
quebrar a monotonia do deslocamento, uns jogavam damas, outros o domino, o
Aluno Watrin pescava saborosos surubins os quais serviam como verdadeiro
banquete para poucos privilegiados como eu, que podia substituir o rotineiro
cozido pela iguaria fresca que acabara de ser pescada, logicamente sem que os
superiores soubessem.
Enquanto isso o hilário, espirituoso, safo, e, em alguns
momentos apropriados, gaiato aluno Camilo Delduque dedilhava seu violão em
acompanhamento as musicas que cantava em ‘’atendimento’’ aos desejos musicais
do general, que o escutava do andar de cima.
Depois de discorrer todo seu repertorio,
e, ate mesmo repeti-lo extenuadamente o aluno Delduque parou a cantoria.
O
general que parecia estar gostando do som questionou ‘’Porque parou; parou porque’’;o aluno justificou o cansaço;de nada
adiantou,o general queria mais;o aluno justificou haver exaurido o
repertorio,de nada adiantou,o general queria mais.
Sem nada mais em ter como
justificar sua mudez musical,o aluno silenciou suas justificativas,e,saiu da
vista do general.
Colérico o general chamou o Capitão EB Dalter,comandante do
NPOR determinando que ordenasse ao aluno que voltasse a cantar.Argüido pelo
capitão o aluno justificava não ter mais o que cantar.De tanto ouvir a
insistência do capitão,e,para não deixá-lo em descrédito junto ao general disse
o aluno ao seu comandante;’’Capitão como
o senhor pede mais uma vou lhe atender,mas,o general não vai gostar do som’’;responde
Dalter,não faz mal Delduque,pelo menos te livra logo dele.
Ato continuo o aluno
dedilha em seu violão um samba,e,ao começar a cantar emana com sua voz a letra
do Hino Nacional Brasileiro.
Todos incontinente debandam do local ouvindo ao
longe o bravejar do General;naquela época o hino em ritmo de samba era o mesmo
de ver cristo sendo pregado na cruz.Ao fundo o sorriso entre dentes de todos os
alunos,que em segundos cessaram dando lugar a um corretivo sobre os valores dos símbolos nacionais,e,o comportamento
exigido para todo militar perante estes símbolos.
O aluno Delduque desceu cabisbaixo,e,não
cantou o resto da viagem toda,e,nem mesmo o general desejou novamente exigir,que
o aluno cantasse.Imaginem o fato em 1970,na época nos permitimos um sorriso
apertado,depois,um sorriso mais solto,hoje quando ate a Fafá de Belém canta
nosso hino em ritmo de carimbo,podemos gargalhar,porem,sempre respeitando
nossos amados símbolos,mesmo preferindo-o no original.
Quem souber que outro
conte.
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